O BRASIL NA ENCRUZILHADA
Atualmente no Brasil, a dimensão social está bem encaminhada. A pobreza vem caindo há vários anos de forma estável, a desigualdade de renda caiu para os níveis mais baixos desde 1960 e a renda de parcelas geralmente excluídas dos benefícios do crescimento, como as mulheres vem crescendo a taxas chinesas, Há vários fatores por trás disto, destacando-se a estabilidade macroeconômica (que protege os mais pobres), a expansão da educação e uma agressiva política social ao longo dos últimos 16 anos.
Claro existe os grupos que se sentem prejudicados com a concorrência chinesa e pela taxa de câmbio valorizada. Alguns sinais amarelos já são visíveis. A taxa de inflação se aproxima do teto da meta de inflação e, os preços administrativos, a alta de preços é generalizada e atinge inclusive o setor de serviços. O saldo em conta corrente se reduziu em mais de quatro pontos do PIB, apesar de um ganho de 40% na relação entre preços médios de exportação e importação.
Em boa parte estas tensões espelham desafios fundamentais que se colocam no país. No topo da lista está a frustrante dificuldade em se aumentar á taxa de investimento do país, que vem evoluindo lentamente para os atuais 18,4% do PIB, apesar dos esforços e subsídios do BNDS. Trata-se, talvez da maior frustração econômica do governo Lula, que com bom senso reduziu significativamente o risco político do país, mas assim mesmo não conseguiu mobilizar os nossos “espíritos animais”. A nosso ver a explicação para este fenômeno está no par de ideologias (de raízes nacional desenvolvimentistas) e dificuldades de execução (enraizadas em um Estado loteado e ineficiente).
Além da baixa taxa de investimento, o Brasil vive hoje um início de crise no mercado de trabalho. A crise não é a tradicional e terrível falta de emprego, mas sim a falta de trabalho qualificado, em todas as faixas. Uma comparação com a Coréia do Sul pode ser útil.
Nos últimos 40 anos a Coréia foi de uma renda per capita 30% inferior à nossa a um nível hoje três vezes maior! Isso foi possível porque a Coréia investiu muito mais e educou mais e melhor do que nós. A escolaridade média subiu de 4,3 anos para cerca de 13 anos (igual a americana), Enquanto a nossa foi de dois anos para em torno de sete anos. E qualidade coreana é excelente, enquanto aqui é, a média, sofrível. Uma resposta mais eficaz aqui é urgente, nas três esferas de governo.
O Brasil está, portanto, diante de uma encruzilhada. Do jeito que as coisas vão, parecemos caminhar para uma repetição do modelo nacional desenvolvimentista, mas com uma taxa de investimento inferior à versão original. Em que pese o maior foco atual no social, não custa lembrar que esta opção foi não só excludente socialmente, como gerou uma série de distorções que provocaram a estagnação posterior. Podemos ter alguns anos de vacas gordas, mas estamos fadados a parar longe de completar a convergência para os melhores padrões globais.
Não existe uma alternativa a este caminho, mas alguns pontos são essenciais. Como indica a Coréia, o Brasil precisa investir e educar mais e melhor. O governo tem que promover as reformas necessárias para contribuir com a sua parte, investindo mais e gastando menos, e revalorizando a boa regulamentação para mobilizar o investimento privado.
Fragmento do texto de Armindo Fraga Neto e Pedro Cavalcante Ferreira, extraído de “O Globo”, publicado no domingo, 10 de abril de 2011
Belford Roxo, 12 de abril de 2011
José Floriano Oliveira
ANÁLISE
O texto acima nos oferece a oportunidade para algumas reflexões, que diria não novas, muito menos originais. Por outro lado, entendo que o momento é de forma oportuno, visto que estamos no início do quadriênio de uma nova gestão de governo e quiçá venha a emplacar um próximo, possibilitando a prática de programas direcionais para o desenvolvimento do país. Em regra geral a discussão já existe a muito tempo, faltando a disposição política de atacar com mais vigor os estudos já propostos e deixar de lado as “inovações” ou caminhos tortuosos que não avançam em nosso desenvolvimento. Analisemos alguns pontos: Desenvolvimento econômico, entrave na educação e a falta de mão-de-obra qualificada.
No que diz respeito o desenvolvimento econômico estamos caminhando para a frente, conseguindo sair do impacto da crise mundial sem grandes transtornos, mas, no entanto, continuamos navegando em águas rasas com o baixo crescimento do PIB e a ameaça inflacionária.
Quanto a educação entendo ser o nosso “calo”. Apesar do governo, através da mídia, apresentar melhora em nossos índices, estes foram tão minúsculos que é necessário uma boa “lupa” para apreciá-lo. Ora, a educação é carro chefe de qualquer nação para alcançar seu desenvolvimento. Não há necessidade de apresentar exemplos de países, pois todos nós conhecemos. O que precisamos é de investimentos qualificados para melhor qualificar nossos professores no campo da pesquisa, e, principalmente, no fundamental, e básico, para que estes se sintam confortados e tenham o “tempo” adequado para o preparo de suas aulas, e concomitantemente, melhor ministrá-la. Esse “conforto” só é possível com salários dignos (como declara a CF e a CLT) para que o professor possa dispor de tempo integral, e não, como vemos a prática da politização da educação e, apesar da proibição por parte da CLT nos “contratos por prazo determinado” os Estados e os Municípios são os primeiros a dar o mau exemplo,
levando professor a ter o mínimo de tempo, inclusive, para se alimentar.
Por último, temos a qualificação da mão-de-obra onde já é observada a carência de mestre de obra. Ora, se o Brasil está em crescimento, é porque está investindo. Se está investindo, os mais diversos setores estão se expandindo. Se está se expandindo, há necessidade de mão-de-obra qualificada. A pergunta que se faz é como suprir a carência de qualificação em mão-de-obra? Entendo que o momento é o melhor possível para corrigir esse desalinho: Estamos no início de quadriênio de um governo e, com certeza este deverá ser prorrogado por mais quatro. Assim sendo e no aguardo que o vício político seja esquecido, reúna os técnicos (os bons e sérios em educação), desenvolva programas (resguardando as diferenças regionais), orientando as escolas em todos os seus níveis para graduar os alunos, oferecendo melhores oportunidades que tenho a certeza que ao final do governo teremos um país mais desenvolvido exportando mão-de-obra e não na eminência de sua importação.
Belford Roxo, 12 de abril de 2011
José Floriano Oliveira