quarta-feira, 18 de maio de 2011

O PORTUGUÊS: UMA LINGUA POLÊMICA

O PORTUGUÊS: UMA LINGUA POLÊMICA


Toda língua é dinâmica. Toda língua sofre sua evolução. Algumas já morreram, outras vivem, mas são de uso restrito (o latim). O caso da língua portuguesa não foge a essa regra sendo criada pela união de vários dialetos até chegar ao estágio em que se encontra e conhecida como “LINGUA DE CAMÕES”.
A lingua portuguesa é uma língua romântica, flexiva que se origina na Península Ibérica dos povos célticos e do latim vulgar dos povos pré-romanos que chegaram àquela região e dos soldados quando da expansão do império romano. O “falar vulgar” da soldadesca, misturando-se com os “falares” da região de forma natural origina o português, o espanhol, o francês e tantas outras línguas denominadas de “língua latina”.
Em final do século XV e início do século XVI os portugueses se atiram aos mares formando um grande império e, com ele o idioma português, que, por sua vez se mistura com o falar dos povos nativos (no caso com nossos indígenas) e posteriormente com o africano. Como conseqüência temos o português falado no Brasil. Para exemplificar a evolução ou sua dinâmica, pode ser citado:
- Vossa Mercê – Vosmicê – Você
- Amare – Amar
- Petra – Pedra
- Ocularum - Óculos
A evolução do idioma normalmente acontece de forma natural como a que vimos acima. É a forma coloquial. Por ser dinâmica pode se encontrar se transformando sem que o falante se dê conta como, por exemplo: ESTÁ – STÁ – TÁ. Pode também ser normatizada por ação oficial. Para tanto as Academias de Letras promovem os estudos e os governos dos países de língua portuguesa, através de “acordos diplomáticos”, buscam unificar e simplificar os “falares do idioma português”. Exemplo: O não uso do trema, do acento circunflexo, do hífen etc. Por ser uma norma imposta e não natural que parta do povo, a sua aceitação é mais demorada, claro que menos para a documentação oficial (é a norma culta). A forma natural, ou seja, a evolução natural da língua, apesar de acontecer em longo prazo, à modificação se dá sem o indivíduo sentir. Quando observa já se está falando.
Estamos vivendo um momento de transformação em nosso idioma que não se adéqua a nenhum dos dois casos citados. O MEC (Ministério de Educação e Cultura) que é obediente a Constituição Federal de 1988, adotou o livro de português “POR UMA VIDA MELHOR” (Editora Global) distribuido para 485 mil alunos em 4236 escolas, tendo a professora Helena Ramos como uma de suas autoras. O conteúdo deste livro se encontra no centro da discussão visto que traz algumas expressões polêmicas, tais como: “NÓS PEGA O PEIXE” ou então, “OS MENINO PEGA O PEIXE”.
Ora, entendemos que o lógico é o ensinamento da norma “CULTA” (para se escrever e falar) e, nos momentos coloquiais que o indivíduo tenha a liberdade de utilizar que melhor lhe aprover
As estatísticas publicadas pela ONU (Organização das Nações Uni das) não apresentam o Brasil como aquele país que devemos nos orgulhar no desenvolvimento de aproveitamento escolar. Assim sendo, “ACEITANDO A PROPOSTA DO MEC, ESTAMOS ENDEREÇANDO O FUTURO PARA O NÍVEL MAIS BAIXO DO QUAL SE ENCONTRA”.
Como podemos entender o futuro desses jovens? Como pode as empresas usar de suas avaliações e admitir o profissional? Seremos um país IMPORTADOR DE MÃO DE OBRA? (as empresas já se encontram em dificuldades de contratar mão de obra qualificada). Será que atingiremos o nível de país do “AGENTE FOMOS” e do “NÓS VAI” ( um ex-companheiro, à frente de instituição representativa de classe, comumente assim se referia em seus discursos quando das reuniões oficiais.
O presidente da Associação Brasileira dos Editores de Livros (ABRELIVROS), Jorge Yunes em entrevista diz: “O importante é contextualizar aos estudantes o porquê da lingua portuguesa constar no livro didático “daquela forma”. Segundo ele o certo é o professor contextualizar a linguagem coloquial e ensinar o português oficial.
O Ministro da Educação Fernando Haddad em entrevista a rádio CBN disse que “OS EXECÍCIOS PROPOSTOS PELO LIVRO EM QUESTÃO PARTEM DA FORMA COMO OS ALUNOS FALAM PARA ENSINAR A USAR A NORMA CULTA”. E continua. “ESTAMOS ENVOLVIDOS EM FALSA POLÊMICA. NINGUÉM ESTÁ PROPONDO ENSINAR ERRADO”. DEFENDEU. “OS LIVROS DIDÁTICOS NÃO TEM NENHUMA ‘INGERÊNCIA GOVERNAMENTAL’. As obras enviadas ao MEC são entregues  para Comissões  Avaliadoras formadas por professores de universidades federais.
Na realidade, os livros didáticos, principalmente os de português, devem exprimir a “forma culta” e os professores, em sala de aula, contextualizar a “forma coloquial”, os “regionalismos”, os “sotaques” etc.
Ora, o artigo 206, inciso VI da Constituição Federal de 1988 determina por PRINCÍPIO: o ensino deve ser ministrado segundo a “GARANTIA E PADRÃO DE QUALIDADE”.
Ficamos aqui com a pergunta. A quem devemos culpar:
1 – aos assessores do ministro Haddad?
2 – aos professores universitários que fazem parte das Comissões avaliadoras por não terem a devida qualificação? De forma podemos aceitar tal despropósito.
3 – ao LOBBY da Editora Global por ser muito eficiente?
4 – Ao ministro Haddad uma polêmica (LEMBREMOS O ENEM).

Belford Roxo, 15 de maio de 2011

José Floriano Oliveira

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